Por: Alfredo Scaff –
Mais do que um personagem polêmico, Trump revela a falência de modelos tradicionais e inaugura um ciclo que desafia instituições — jurídicas, políticas e diplomáticas. A volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, representa mais que o retorno de um personagem polêmico. É o sintoma de um sistema global em crise — e o gatilho de um novo ciclo que desafia instituições políticas, jurídicas e diplomáticas.
O que antes parecia impensável agora se impõe como realidade: conservadores e liberais, por razões distintas, veem em Trump uma alternativa ao imobilismo das democracias centristas. Para uns, ele é o guardião da soberania, da segurança e da tradição. Para outros, o catalisador da desburocratização e da liberdade econômica. Em comum, o desejo por resultados concretos.
Trump preenche o vácuo deixado por governos que, em nome da moderação, deixaram de agir. Seu estilo direto, muitas vezes considerado agressivo, passou a ser interpretado como assertividade — principalmente diante de um Estado que muitos consideram inchado e de instituições vistas como frágeis.
No cenário internacional, Trump retoma o lema *America First* com impacto imediato. Alianças globais, acordos multilaterais e a atuação dos EUA em organismos como ONU e OTAN voltam a ser questionados. Países como o Brasil, fortemente conectados aos EUA, terão que recalibrar estratégias com urgência.
Sua retórica nacionalista já influencia outras lideranças, fomentando posturas mais duras em temas como imigração, segurança, meio ambiente e direitos civis. Esse movimento pode consolidar uma nova direita internacional — menos dependente de fóruns multilaterais e mais focada em interesses internos.
Em publicação recente, Trump revelou ter conduzido pessoalmente uma ligação de duas horas com Vladimir Putin, da Rússia, resultando no início imediato de negociações por um cessar-fogo com a Ucrânia. A proposta, segundo ele, já foi informada a Zelensky, líderes europeus e ao Vaticano, que se ofereceu para sediar os diálogos.
Mais que diplomacia tradicional, trata-se de uma diplomacia de choque — um reposicionamento dos EUA como centro da ação geopolítica, com Trump no papel de mediador informal. A mensagem é clara: quem quiser negociar com Washington, deve fazê-lo no ritmo e nos termos desse novo ciclo.
Do ponto de vista jurídico, essa guinada tem efeitos imediatos. Migração, federalismo, liberdade religiosa e iniciativa privada voltarão ao centro do debate. Para a advocacia — especialmente na interface com o direito internacional, o comércio exterior e os direitos constitucionais — os desafios se multiplicam: litígios, disputas regulatórias e reinterpretação de tratados internacionais serão cada vez mais frequentes.
É fácil cair na tentação de pintar Trump como ameaça. Mas quem atua com o Direito sabe: o papel do jurista não é reagir por impulso, e sim compreender a dinâmica em curso. Trump não é um heroi. Nem um vilão. É um catalisador. Ele acelera transformações e escancara as falhas de uma ordem que há tempos dá sinais de esgotamento.
Para nós da advocacia independente, crítica e atuante, o momento exige vigilância, preparo técnico, estratégia com lucidez, técnica e leitura clara dos movimentos em andamento.
A nova era já começou e o mundo mais uma vez está girando em outra direção.

Alfredo Scaff é Presidente do MAI, ,Graduado em Direito pela PUCCAMP, especialista em Negociação Internacional de Negócios, Liderança em Harvard e Inglês na NESE (MA, EUA) e em Arbitragem pela PUCSP. Possui experiência e atuação profissional em diversos órgãos brasileiros, como OAB, CETESB, DECAP, Casa Civil, entre outros.
**Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação.

- O Movimento Advocacia Independente (MAI) é uma associação privada sediada em São Paulo, Brasil. Seu foco principal é a defesa de direitos sociais, atuando como uma organização voltada para a advocacia e questões jurídicas.
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Um comentário
Excelente artigo!